Porque um sapo?

Como ser a voz dos outros sem explicar a minha voz?

Meu primeiro exercício acadêmico com criação de marca foi o desenvolvimento de uma marca pessoal. O resultado foi algo elegante e nobre mas, acredito eu, velho demais para um jovem de 20 e pouco anos. Uma insígnia de um escudo, uma fita, um monograma, quase uma chama a iluminar os ideais de honra e nobreza em que sempre acreditei.

No início da carreira profissional propriamente dita tive a oportunidade de fazer alguns trabalhos mais íntimos e de um modo geral eles atendiam a crianças, coisas como convites de aniversários, brindes escolares, cartões comemorativos e outros. A essa época eu me havia acostumado a assinar dedicatórias em livros ou cartas intimas com o desenho de um sapo.

Reformulando então a idéia da nobreza fiquei a entender como aquele sapinho desenhado rapidamente poderia me representar? Porque essa imagem agora fazia tanto sentido? Como amadurecê-lo e possibilitar que eu transitasse entre o mundo profissional e o mundo intimo?
A resposta nasce então de um conto infantil: O Príncipe Sapo, o 1º conto dos Irmãos Grimm. No conto uma princesa mimada perde a sua bola dourada numa lagoa e conta com ajuda de um sapo, um príncipe amaldiçoado, que resgata a bola em troca do favor de ser hospedado no castelo. No conto dos Irmãos Grimm o encanto é quebrado com a princesa jogando o sapo na parede e nas versões mais modernas com um beijo.

Eis então minha marca! Espero ser o sapo que possa resgatar seu sonho e príncipe refeito após o reconhecimento e a oportunidade de trabalho. Comprometo-me com a dignidade caso a escolha seja me atirar a parede do repugno ou da menos valia. Eis aí ainda meu cavaleiro de espada embainhada e de escudo posto. Eis aí um pedaço de mim.

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